terça-feira, 30 de setembro de 2008

Reclamações pequenas

Depois de muito tardar, enfim eu estou postando nesse blog. Peço desculpas pela demora no post, mas é que nessas últimas semanas a faculdade estava muito corrida e com isso meu tempo estava todo dividido entre provas e trabalhos. Nesse tempo fiz um trabalho que acho que vem a calhar nesse momento. No último post o Diego falou sobre o remorso e depois concluiu que muitas vezes reclamamos de problemas que são tão pequenos comparados aos de muitos. Enfim “a grama do vizinho é mais verde do que a nossa”.

Tive que fazer um fotodocumentário para a aula de fotojornalismo, o tema que meu grupo escolheu foi sobre o dia-a-dia dos cegos em Londrina, escolhemos um senhor de mais de 80 anos, Seu Carlos é um negro que deve seus familiares escravos e que hoje, após ter trabalhado em uma contadora por vários anos, é aposentado.

Ao chegar à Associação de Cegos de Londrina encontramos o bem humorado Seu Carlos na mesa da cozinha, no primeiro momento ele nos cumprimenta e pergunta nossos nomes, eu fico meio saber como me portar e acabo decidindo tirar as fotos que eram importantes para o trabalho.

Com o passar do dia nos entrevistamos e vimos quais eram suas grandes dificuldades, que eram absurdamente grandes. Sua rotina diária era de acordar e pegar um ônibus para o Terminal Central aqui de Londrina e depois pegar um outro ônibus para o Instituto dos Cegos, na sexta feira ele ia a Associação dos Cegos para conversar com os amigos e levar algumas doações para a instituição.

Seu Carlos perdeu a visão completamente a mais ou menos 20 anos, ele foi perdendo aos poucos e após um tempo acabou ficando cego. Ele nos disse “Fui ao médico e ele falou que era irreversível, aí tive que mudar meu dia-a-dia”. O aposentado diz que para quem perde visão é um trauma muito grande “muitas pessoas entram em depressão e até desistem”. O aposentado utiliza muito a frase Modus Viventis (modo de vida).

Mesmo com todos esses problemas Seu Carlos é uma pessoa extremamente alegre, ele adora contar piadas e brincar com as mulheres. Após ficar cego ele ainda aprendeu outras coisas, se tornou artesão e mexe muito bem com madeira, também consegue utilizar o computador (para isso existe um fone de ouvido que os cegos ao relarem nas teclas conseguem ouvir a letra e assim digitar) e ler e escrever em braille.

Um dia com esse senhor e os seus amigos me deram um momento incrível que eu aprendi bastante também, passei a ver que muitas vezes eu reclamo de problemas que são pequenos, nós costumamos só pensar em nós mesmos, não vemos o que temos em volta e que tudo tem seu lado bom também.

Com isso concluo isso aqui

Novamente peço desculpa pela demora do post, tentarei ser mais breve no próximo também porque esse ficou meio grande.

Um abraço a todos.

Paulo

Nenhum comentário: